Dada a sua elevada prevalência e a incapacidade que provoca, a doença articular mais importante é a osteoartrose. A osteoartrose é uma doença crónica progressiva, causada por um processo degenerativo complexo das articulações, que afeta 80% da população acima dos 75 anos de idade e constitui o principal motivo de consulta médica, incapacidade e absentismo laboral nos países desenvolvidos. (1)
Na osteoartrose, as articulações mais atingidas são a do joelho, da anca e das mãos. (1) Os principais fatores de risco modificáveis da osteoartrose são a obesidade e a pré-obesidade (excesso de peso), fatores ligados à alimentação (fatores nutricionais), fatores hormonais e metabólicos e alterações estruturais. (1)
Em Portugal, a osteoartrose é a segunda doença reumática com maior prevalência, geral e por NUTS 2*, a segunda doença crónica com maior impacto negativo na qualidade de vida, e entre as doenças reumáticas, a terceira doença com maior impacto negativo na qualidade de vida; a prevalência média geral de osteoartrose do joelho é de 12.4% (15.8% nas mulheres e 8.6% nos homens), de osteoartrose da mão de 8.7% (13.8% nas mulheres e 3.2% nos homens) e de osteoartrose da anca de 2.9% (3.0% nas mulheres e 2.9% nos homens) (2)
Os principais sintomas da osteoartrose são dor, inflamação** e rigidez da articulação afetada. (1,3)
No tratamento da osteoartrose é fundamental não só aliviar os sintomas (dor, inflamação, rigidez articular), mas também retardar a progressão da doença (impedir o agravamento das lesões articulares existentes e evitar o aparecimento de novas lesões). (1,3)
Caso haja excesso de peso ou obesidade o peso deverá ser reduzido (porque aumenta a carga sobre as articulações da anca e do joelho), através de alterações do estilo de vida.*** (1,4) O doente deverá também cumprir um programa de exercício físico estruturado para fortalecer os músculos e melhorar a amplitude dos movimentos articulares. (1,4)
No tratamento de fundo da osteoartrose, para o alívio a curto prazo dos sintomas utilizam-se medicamentos analgésicos e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, geralmente por via oral, e para alívio a médio prazo dos sintomas e, sobretudo, para retardar a progressão da doença utilizam-se, medicamentos ditos modificadores da doença, como o sulfato de glucosamina, o sulfato de condroitina (ambos administrados por via oral), (4) e o ácido hialurónico (administrado por injeção na articulação afetada). (4,5)
Notas
*As NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) são as divisões regionais existentes em todos os estados-membros da União Europeia, sendo utilizadas pelo Eurostat para a elaboração de todas as estatísticas regionais e pela União Europeia na definição de políticas regionais e atribuição dos fundos de coesão. A NUTS 2 é constituída por sete unidades territoriais (regiões): as cinco regiões do Continente e as duas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira
** A inflamação (do latim inflammatio, atear fogo) é uma reação do organismo a uma lesão dos tecidos ou infeção. A zona afetada por uma inflamação carateriza-se por estar mais quente do que as zonas circundantes), apresentar rubor (vermelhidão), estar inchada, ser dolorosa e, por exemplo, no caso das articulações, haver perda da função.
*** Alimentação saudável, incluindo redução do consumo de sal, praticar atividade física regular, deixar de fumar (se for fumador), reduzir o consumo excessivo de álcool (se for o caso), reduzir o “stress”.
1. Capela S. Osteoartrose e Hiperostose Idiopática Difusa. In: Cabral da Fonseca JE, Canhão H, Viana de Queiroz M, coordenadores. Reumatologia Fundamental. Lisboa: Lidel; 2013. p. 117-23.
2. Epireuma.pt. Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal. Acedido em: http://www.reumacensus.org/pdf/quadriptico_resultados_epireumapt.pd
3. Henrotin Y, Marty M, Mobasheri A. What is the current status of chondroitin sulfate and glucosamine for the treatment of knee osteoarthritis? Maturitas. 2014 Jul; 78(3): 184-7.
4. Bruyère O, Cooper C, Pelletier JP, Branco J, Luisa Brandi M, Guillemin F, et al. An algorithm recommendation for the management of knee osteoarthritis in Europe and internationally: a report from a task force of the European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis and Osteoarthritis (ESCEO). Semin Arthritis Rheum. 2014 Dec; 44(3): 253-63.
5. Goldberg VM, Buckwalter JA. Hyaluronans in the treatment of osteoarthritis of the knee: evidence for disease-modifying activity. Osteoarthritis Cartilage. 2005 Mar; 13(3): 216-24.